quarta-feira, abril 09, 2008

olhar


Sente-se o peso do céu granulado mergulhado no escuro das águas. Perante ti e a evidência de um limite físico  ergue-se a pergunta de sempre: e agora?
A outra margem, cortada ao longe pela mesma água turva e opaca, está fora do teu alcance e as embarcações possíveis escaparam-se para lá dos teus olhos devido ao teu permanente atraso. Recupera o tempo com os pés assentes nesta madeira manchada, recupera-o na espera que tens pela frente, recupera-o em contemplação, em quietude e em silêncio, porque só assim, nessa tranquila atenção se consegue conjugar o verbo olhar em todos os tempos, modos e pessoas.

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