quinta-feira, abril 03, 2008

a porta


Os mesmos traços gastos no rosto da cidade escura. As mesmas rugas cansadas, as mesmas rubricas de poetas urbanos, a mesma simulação de lixo aqui e ali e sempre o mesmo início de lepra nas paredes, muros, fachadas e portas. Mas também o mesmo orgulho de pedra que se mantém de pé, erguendo-se em colunas e paralelepípedos seguros de si. A porta que dá para a rua, fielmente cerrada, protegendo quem lá dentro encontrou o seu ninho, a sua paz e serenidade. Talvez o seu último reduto. Ou, em último caso, uma ode ao simples abandono ou rendição.

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